Dança e Capoeira nas escolas desenvolvem o corpo e fortalecem a cultura

Quando a música começa, os olhos brilham, os pés se mexem sozinhos e a alegria toma conta do pátio da Escola Municipal Félix Araújo. Na dança em grupo ou no gingado da capoeira, os alunos não apenas se exercitam: eles criam laços, se reconhecem culturalmente, aprendem a se expressar e a cuidar do próprio corpo. Tudo isso de forma lúdica e prazerosa.

Na escola, a Educação Física é sinônimo de movimento com significado. As atividades vão muito além das práticas esportivas tradicionais e incluem dança, expressão corporal, jogos educativos e ritmos que fazem parte da identidade cultural brasileira.

Um aprendizado para a vida

Tio Leo/Foto: João Ademar

As aulas do professor Leonardo Faustino, chamado pelas crianças de Tio Leo, mostram como a dança pode ser uma aliada no desenvolvimento motor, afetivo e social das crianças. Segundo ele, a dança não é um projeto isolado, mas sim parte do currículo da Educação Física.

Aula de Educação Física com dança (1º ano)/Foto: João Ademar

“A dança é um componente obrigatório. Ela trabalha o corpo em movimento o tempo todo, desenvolve a coordenação motora, o equilíbrio e o respeito ao espaço do outro. Por isso, está presente nas festas comemorativas, nos encerramentos de semestre e nas culminâncias da Escola em Tempo Integral”, explica o professor.

E os alunos confirmam: a dança é uma das partes mais divertidas das aulas. Maria Alluska, aluna do 4º ano B, lembra com entusiasmo de uma atividade em que os colegas precisavam adivinhar o gênero musical a partir de trechos de músicas conhecidas. “A gente dançou, cantou e aprendeu brincando.”

Raiconi Emmanoel, por sua vez, destacou como a dança nos conecta à nossa cultura: “Quando escuto um xaxado, já lembro do tempo de Lampião. A música mostra não só a dança, mas também os instrumentos e os objetos da época, como as espingardas de madeira.”

Otávio completa: “A gente mesmo faz os instrumentos, com madeira ou coisas do chão. É como voltar no tempo.”

Mexer o corpo, descansar a mente

A dança também aparece como uma estratégia para combater o sedentarismo e o excesso de tempo diante das telas. Samuel Lincoln não reclama: “É bom porque a gente se mexe, sai do celular e trabalha o corpo.”

Théo Eduardo percebe como a dança é importante para o corpo: “A dança ajuda a fortalecer os braços e as pernas. É exercício, mas é divertido.”

A professora Sarah Ribeiro, que também atua na escola, conta que esse olhar para a dança como parte da Educação Física começou ainda na sua formação universitária.

Tia Sarah e Julia Gabrielly/Foto: João William

“Na faculdade, aprendemos a coreografar, a contar os passos, e a trabalhar ritmo, expressão e coordenação motora. A dança envolve tudo isso e ainda favorece a convivência”, diz.

Capoeira: entre o jogo e a cultura

Outro destaque das atividades físicas na Félix Araújo é o projeto Capoeira nas Escolas, do qual os alunos participam com entusiasmo. À frente das rodas de capoeira está o professor Paulo “Cuscuz”, chamado de Tio Paulo pelas crianças, que também descobriu esse caminho ainda criança.

“Comecei vendo outros meninos treinando na escola e fui aprendendo aos poucos. Depois, treinei com o mestre Sabiá no Centro Cultural. Nunca pensei em dar aula, mas chegou uma hora em que senti que precisava compartilhar esse conhecimento com outras crianças. Foi aí que comecei a dar aulas, primeiro no bairro do Ligeiro e agora aqui na escola”, conta.

A capoeira envolve corpo, ritmo, história e identidade. E na escola, torna-se um espaço de resistência, disciplina e inclusão. Nem todo aluno participa do mesmo jeito, segundo Tio Paulo, mas todos aprendem algo: seja o movimento do corpo, o som do berimbau ou o respeito pelas raízes culturais brasileiras.

Alegria em movimento, aprendizado em ação

A empolgação das crianças é o melhor termômetro para avaliar os impactos dessas práticas. Para Gabrielly, o mais legal da dança “é a diversão que ela traz e as amizades que a gente faz”. Já Cecília destaca os benefícios físicos: “Ela relaxa o corpo e deixa a gente mais saudável.”

Cecília e Gabrielly/Foto: João William

Assim, as aulas de Educação Física na Escola Félix Araújo mostram que o corpo também aprende, e que a escola pode ser um lugar onde o movimento não só ensina, mas também emociona.


Produção e reportagem: Crianças do 4º Ano da EMEF Félix Araújo (Ana Luíza, Ana Sophia, Anderson Bruno, Beatriz Victória, Benjamin Matheus, Douglas Gabriel, Isis Lorenna, Julia Gabrielly, Kelvin Kauã e Larissa).
Edição de texto: Mídia Legal

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