Nutrição escolar fortalece saúde e aprendizado na Escola Félix Araújo
A merenda escolar é parte essencial da rotina na Escola Félix Araújo, em Campina Grande. Além de cumprir o papel de política pública de segurança alimentar, ela garante saúde, energia e concentração para que crianças e adolescentes aprendam melhor. O trabalho envolve a atuação da equipe de nutrição, responsável pelo cardápio, e das merendeiras, que colocam o planejamento em prática todos os dias.
No país, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) atende cerca de 40 milhões de alunos da educação básica. Na Paraíba, o investimento chega a R$ 84 milhões, enquanto a rede municipal de Campina Grande garante refeições diárias a mais de 30 mil estudantes.
Planejamento nutricional do cardápio escolar
De acordo com a nutricionista Ayanne Pâmela da Silva Medeiros, 34 anos, que atua na área desde 2019, o trabalho inclui desde a elaboração do cardápio até ações de educação alimentar: “É nossa função elaborar cardápios variados, avaliar o valor nutricional, realizar testes de aceitabilidade, acompanhar o estado nutricional dos alunos e capacitar continuamente as merendeiras”, explica.
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| Alimentos preparados com cuidado e equilíbrio nutricional garantem uma merenda saudável/Foto: Júlio de Dirceo |
A Resolução nº 6/2020 do PNAE determina que pelo menos 75% dos recursos sejam usados em alimentos in natura ou minimamente processados, até 20% em processados e no máximo 5% em ingredientes culinários industrializados. Refrigerantes, biscoitos recheados e outros ultraprocessados são proibidos.
Essas normas buscam garantir a qualidade nutricional, fortalecer a agricultura local e os hábitos alimentares regionais: “O objetivo é oferecer uma alimentação saudável e adequada, que contribua para a prevenção de doenças e para a aprendizagem”, reforça Ayanne.
Essa ligação entre merenda e produção local é uma das diretrizes do PNAE, que obriga que ao menos 30% dos recursos sejam destinados à compra direta da agricultura familiar. Além de frescos e mais adequados culturalmente, esses alimentos movimentam a economia da região.
Merendeiras e segurança alimentar na prática
Na Escola Félix Araújo, quem dá vida ao cardápio é Vera Lúcia de Oliveira Costa, de 59 anos, com mais de duas décadas de experiência. Ela começa a rotina às seis e meia da manhã, preparando o lanche e adiantando o almoço: “Já cozinhei para os pais e agora cozinho para os filhos”, conta.
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| Vera Lúcia é uma das merendeiras responsáveis em transformar o cardápio planejado pela equipe de nutrição em refeições cheias de sabor/Foto: Júlio de Dirceo |
Além disso, o cuidado com a higiene é prioridade: “A gente troca de roupa, lava bem as mãos e higieniza tudo. Se vou usar abacaxi com casca para suco, lavo bastante com escovinha própria”, detalha.
Aceitação das refeições pelos alunos
Conciliar o valor nutricional com a aceitação das crianças é um desafio. Por isso, o PNAE prevê testes de aceitabilidade, que exigem aprovação de pelo menos 85% dos estudantes: “Substituímos alimentos por outros de valor semelhante e melhor aceitação, sempre com base em critérios técnicos”, explica Ayanne.
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| Refeições equilibradas e saborosas fazem parte da rotina das crianças/Foto: Júlio de Dirceo |
Na prática, a reação das crianças fala mais alto: “Quando chega a sexta-feira, já ficam tristes porque só vão voltar a comer na segunda. Tem menino que brinca dizendo que vai me contratar para cozinhar em casa”, diz Vera. Entre os pratos preferidos estão a sopa e o arroz de leite.
Merenda escolar como parte da educação
Pesquisas mostram que a alimentação escolar saudável ajuda a melhorar a frequência e reduzir a evasão, especialmente em regiões mais vulneráveis. Para Ayanne, a visão sobre a merenda mudou: “Hoje ela desempenha papel central no desempenho escolar, influenciando no crescimento, no desenvolvimento biopsicossocial e na aprendizagem”, reforça.
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| Merenda chegando! Foto: Júlio de Dirceo |
Para Vera, prestes a se aposentar, a rotina vai muito além de cozinhar: “É gratificante. Tenho prazer em fazer o que faço.”
Mais do que comida, a merenda escolar faz parte da vida estudantil, conectando saúde, aprendizado e convivência.
Reportagem: Walter Ribeiro e Júlio de Dirceo




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