Clubinho de criatividade transforma os sábados e os sonhos de crianças da rede pública

No bairro do Catolé, em Campina Grande, clube de aprendizagem criativa vira palco de descobertas, invenções e, principalmente, de esperança. 

Foto: Micaela Nogueira

Aos sábados, quando muita gente só quer saber de descanso, os corredores da Escola Municipal Félix Araújo se enchem de vozes animadas, boas ideias e circuitos eletrônicos. É dia de educo.work – clube de aprendizagem criativa que faz os olhos das crianças brilharem diante de robôs, sensores, motores e um mundo de possibilidades.

O projeto, criado pelo professor João Ademar de Andrade Lima, é mais que uma atividade extracurricular: é um laboratório de futuros possíveis. Destinado aos alunos do 4º e 5º anos, o educo.work mergulha as crianças em temas como Robótica, Cultura Maker, STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), Empreendedorismo e Propriedade Intelectual – tudo com a leveza e o encantamento próprios da infância.

Maria Vitória/Foto: Eloiza Araújo

 “Na minha escola antiga, os professores não ligavam muito pra gente. Eu não sabia ler nem escrever direito. Aqui, com a ajuda do tio João e dos professores, já estou aprendendo a ler.”

O depoimento é de Maria Vitória, de 10 anos, que encontrou na escola pública não só o acolhimento que precisava, mas também o incentivo necessário para acreditar em si.

Onde tudo começou

O educo.work nasceu de uma escolha que, pra muita gente, parece até fora do comum. Depois de anos dando aula na graduação e na pós, o professor João Ademar decidiu fazer o caminho inverso: trocar as salas de adultos pelas salas cheias de crianças curiosas.

E foi essa mudança que reacendeu nele a vontade de criar algo diferente. Com uma formação que mistura Desenho Industrial, Computação e Pedagogia, ele percebeu que dava, sim, pra unir tecnologia e criatividade, eletrônica e leitura, robótica e arte – tudo no mesmo lugar.

“O educo.work não é só um clubinho de robótica. É um espaço de aprendizagem criativa, onde as crianças desenvolvem pensamento computacional, criam, constroem, desenham, leem e se divertem aprendendo.”, explica João.

Educação com propósito

As manhãs de sábado são cheias de mão na massa: tem criação de robôs com materiais recicláveis, oficinas de eletrônica, workshops de empreendedorismo e, claro, muita conversa sobre propriedade intelectual – afinal, aqui as ideias das crianças também têm valor e dono. E foi justamente por apostar nesse tema, pouco comum nas escolas, que o projeto conquistou, no ano passado, seu primeiro prêmio nacional, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. 

Alicia Vitória/Foto: Eloiza Araújo

“Eu fico muito animada porque a gente desenvolve nosso conhecimento”, conta Alicia Vitória, também de 10 anos. “Nem tenho preguiça! É bom, é legal e ainda por cima posso fazer alguma coisa no sábado, porque antes eu não fazia nada.”

Thayna Evellyn/Foto: Eloiza Araújo

Além de aprender a montar circuitos com Arduino, Raspberry Pi e micro:bit, as crianças aprendem a se ver como protagonistas de seus próprios caminhos. “A coisa que mais me anima é aprender sobre robótica”, diz Thayná, de 9 anos.

Reconhecimento que inspira

O educo.work, além do prêmio nacional sobre Propriedade Intelectual, rendeu ao professor João Ademar o prêmio Educador Nota 10, concedido pelo Instituto Alpargatas em 2024. A cerimônia de premiação aconteceu no dia 13 de março deste ano, no Teatro Pedra do Reino, em João Pessoa.

“Fechar o nosso primeito ano com esse prêmio – o nosso segundo, na verdade – é não só um motivo de alegria, sem dúvida, mas principalmente de estímulo, vontade de fazer mais e por muito tempo”, celebrou João.

Uma marca registrada

O educo.work é marca oficialmente registrada, com proteção em todo território nacional, cujo acrônimo significa: Explorar, Desenvolver, Unir, Criar e Oportunizar – tudo isso com “work”, no sentido de dar certo, funcionar.


Texto: Eloiza Araújo 
Edição de texto: Mídia Legal

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