Compostagem, cultivo e tecnologia transformam o cotidiano escolar

As discussões sobre o futuro do planeta estão cada vez mais presentes nos noticiários, nas redes sociais e nas conversas do cotidiano. Segundo a ONU, mais de 1 bilhão de refeições são desperdiçadas todos os dias no mundo, enquanto 783 milhões de pessoas enfrentam a fome. Diante desse cenário, cresce a necessidade de repensar hábitos e criar soluções sustentáveis.

Na Escola Municipal Félix Araújo, em Campina Grande, a professora Daianne Silva lidera um projeto inovador com alunos do 1º ao 5º ano. A iniciativa transforma restos de alimentos, como cascas de banana, ovos e pó de café, em compostagem para o cultivo de plantas. Assim, as crianças aprendem na prática sobre sustentabilidade, reaproveitamento e consciência ambiental.

Alunos do 1° ao 5° ano que participam do projeto/Foto: Renata Carvalho

Da casca ao adubo: nada se perde

A ideia surgiu quando a professora percebeu que muitos alimentos eram descartados. “Pensamos no reaproveitamento de todo o produto. Isso começou na época do São João, quando o milho era usado para pamonha e canjica. Mas e a casca do milho, iria para onde? Foi reaproveitada como ração para o gado. O sabugo também. Nada se perde”, explica Daianne.

Na merenda escolar, a banana virou exemplo: além de receitas, a casca se transforma em adubo. O material é usado no horto da escola e também levado pelos alunos para casa.

Alunos apresentando o projeto/Foto: Renata Carvalho

Materiais para a produção do adubo/Foto: Renata Carvalho

Aprendizado interdisciplinar

O projeto é interdisciplinar e envolve matemática, ciências, história e nutrição. Os alunos produzem jarros com casca de coco e registram tudo em QR Codes, com informações sobre cultivo e nutrientes.

“É ciência pegar algo que iria para o lixo e transformar. Vasos de plástico liberam microplásticos. Já os jarros de coco são orgânicos. Chamamos de ‘Raízes’ porque remetem não apenas às plantas, mas também à nossa história e descendência”, destaca a professora.

Alunos com os jarros/Foto: Daianne Silva

Crianças protagonistas da mudança

As crianças participam de todas as etapas: secam, trituram, pesam e embalam os adubos, além de colar rótulos informativos. A cada dia, tornam-se multiplicadoras de consciência ambiental:

“Me sinto muito importante ajudando a cuidar da natureza, porque sem a natureza a gente não vive.” – Larissa Souza, 9 anos

“O que eu mais gostei foi de usar o coco e colar os desenhos. Foi muito legal!” – Kauê Miguel, 10 anos

“Aprendi que o lixo é no lixo, e que não podemos poluir o mundo porque é muito errado.” – Lara Sophia, 9 anos

“Minha família achou o projeto muito bom porque não polui o meio ambiente, ajuda a gente e não produz mais doenças.” – Ana Cecília, 10 anos

“Adubo é uma coisa que facilita a vida das plantas.” – Samuel, 8 anos

Alunos recolhendo folhas do chão para produzir adubo orgânico/Foto: Daianne Silva

Sustentabilidade que ultrapassa os muros da escola

O aprendizado vai além da sala de aula e chega às famílias. As crianças se organizam para secar, triturar, pesar e embalar o adubo, colando rótulos com informações sobre nutrientes e indicações de uso.

“As crianças dizem: ‘Hoje lanchei banana, mas não joguei a casca fora, já deixei na escola’ ou ‘Minha mãe vai guardar para eu levar amanhã’. Elas já sabem que não se deve jogar lixo no chão e que tudo o que puder ser reaproveitado deve ser guardado”, conta Daianne. “Hoje, têm consciência ambiental e cultural.”

Produção de adubo/Foto: Daianne Silva


 

Produção e reportagem: Laura Paiva e Renata Carvalho

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