Cuidadoras: o apoio que transforma a inclusão escolar
Na Escola Municipal Félix Araújo, em Campina Grande, cuidadoras garantem que crianças com deficiência participem das atividades escolares em igualdade com os colegas. Com dedicação, elas vão além do apoio físico: acolhem, fortalecem vínculos e tornam a escola um espaço de inclusão.
Elas são fundamentais para assegurar cuidado, aprendizado e integração a estudantes com deficiências físicas ou dificuldades intelectuais. No dia a dia, atuam lado a lado com professores, criando condições para que cada criança se sinta parte do ambiente educativo.
Inclusão escolar: o que diz a Lei Brasileira de Inclusão
O direito ao acompanhamento por esse profissional está previsto na Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e em normativas como a Nota Técnica nº 24/2013 do MEC. Na legislação, o termo mais comum é profissional de apoio escolar, mas, no dia a dia das escolas, a palavra cuidadora é a mais usada por famílias, alunos e professores.
A lei assegura que todo estudante que necessite tenha esse apoio. No entanto, não existe uma regra nacional que defina quantos profissionais por aluno ou qual a formação mínima exigida. Cada rede de ensino (municipal ou estadual) organiza os critérios de contratação conforme suas normas e necessidades.
Como solicitar uma cuidadora na escola pública
Ainda que a legislação assegure o apoio, o processo para conseguir um cuidador envolve etapas formais como a apresentação e análise de documentos. Veja o passo a passo que a família precisa seguir para garantir esse direito:
- Laudo médico que comprove a deficiência e a necessidade do apoio;
- Pedido formal que deve ser entregue à direção da escola, junto ao laudo;
- Análise da escola, que pode incluir avaliação pedagógica e social;
- Encaminhamento da solicitação à Secretaria de Educação;
- Contratação/designação do profissional pelo órgão responsável.
Diferença entre cuidadora e professora de apoio
Embora trabalhem juntas, suas funções são diferentes e complementares:
Cuidadora (ou profissional de apoio escolar): auxilia nos cuidados de higiene, alimentação, mobilidade e também no apoio à participação nas atividades.
Professora de apoio: com formação em pedagogia e especialização em inclusão, adapta materiais e conteúdos pedagógicos, garantindo o aprendizado.
Histórias que inspiram a inclusão escolar
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| Suyanne Freire/Foto: Vitória Santana |
Na Escola Félix Araújo, a cuidadora Suyanne Freire de Andrade, com seis anos de profissão, acompanha, há quatro anos, um estudante autista de nível 3 de suporte. Ela reconhece a importância do seu papel no desenvolvimento da criança. Para ela, estar em sala é mais que uma função: é parte do processo de crescimento do aluno.
“Estar presente em sala de aula para auxiliar nas atividades é fundamental para que as crianças que necessitam desse apoio consigam se desenvolver e interagir com os colegas. Esse acompanhamento possibilita a inclusão, que é essencial”, afirma.
O vínculo criado também se revela no dia a dia:
“Ele chega à escola já me procurando. É não verbal, depende totalmente de mim para se locomover e realizar suas atividades. A comunicação dele é restrita, acontece basicamente comigo. Está no quinto ano, e este será o último na escola. Para ele, criar confiança em outra pessoa será um desafio”, conta Suyanne.
O olhar da professora sobre a inclusão
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| Lílian Batista |
“A cuidadora foi essencial no período em que estive em sala de aula. A criança precisava de suporte físico e cognitivo, e a presença dela foi muito importante, tanto nas atividades adaptadas quanto nos momentos em que o estudante precisava sair da sala. Esse acompanhamento foi fundamental”.
Inclusão que faz a diferença
Histórias como a de Suyanne e Lílian mostram que o trabalho de inclusão nas escolas se baseia em parcerias e compromisso. Professoras e cuidadoras são indispensáveis no processo educativo, ajudando a derrubar barreiras e garantindo que cada criança tenha seu direito de aprender respeitado.


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