Bullying: o limite entre a brincadeira e a dor

Você já se sentiu triste ou ofendido por causa de algo que alguém disse ou fez com você na escola? Às vezes, o que parece ser só uma brincadeira pode acabar machucando de verdade. Isso se chama bullying.

O bullying é uma forma de agressão verbal, física ou psicológica, e acontece quando uma pessoa é maltratada de forma repetida por alguém ou por um grupo. Pode se manifestar por meio de apelidos maldosos, empurrões, risadas cruéis ou até mesmo comentários que ressaltam alguma característica física da pessoa.

A importância de falar sobre isso na escola

A professora Giseuda Alves, que, como tanta gente, já foi vítima de bullying na infância, ressalta a importância do tema ser abordado nas escolas. Ela explica que o bullying tem se tornado cada vez mais comum entre as crianças e que é dever das escolas combater “essas brincadeiras desagradáveis”. Segundo ela, conversar sobre o assunto faz parte de sua rotina de trabalho.

O que dizem os estudantes

Foto: Giseuda Alves

Durante uma roda de conversa com uma turma do 5º ano da Escola Municipal Félix Araújo, os alunos compartilharam experiências pessoais. Muitos relataram já ter sofrido bullying por conta de características físicas ou apelidos maldosos.

Na atividade, foram discutidos o conceito de bullying, formas de agir quando um amigo está sendo ofendido e como devemos controlar a situação caso a própria criança se torne alvo dessas agressões.

Repórter, com a professora Giseuda e os alunos Kevin e Anderson/Foto: João Ademar

Os estudantes Kevin Kauan e Anderson Bruno (4º ano) relataram que já presenciaram cenas de bullying na escola e que decidiram intervir. Eles chamaram a atenção da pessoa que praticava a agressão e explicaram que aquela atitude era errada. 

Ambos destacaram que, em suas casas, sempre aprenderam a respeitar os outros e que ofender ou praticar bullying nunca é aceitável.

As consequências do bullying

A assistente social Anna Gabrielly, que atua na Escola Félix Araújo, alerta para os efeitos do bullying na vida das crianças. Segundo ela, as consequências podem ser físicas, psicológicas e sociais e, muitas vezes, duram por toda a vida.

“Os danos físicos ocorrem quando há agressões envolvidas. A criança não esquece essas situações e, em alguns casos, pode até se tornar um futuro agressor. No aspecto psicológico, os impactos são profundos: elas passam a se isolar, ficam mais irritadas, agressivas e perdem o diálogo com os outros. Já no campo social, deixam de confiar nas pessoas, evitam fazer parte de grupos por medo de serem rejeitadas ou agredidas. Os danos são imensos e precisam ser levados a sério”, afirma a profissional.

O que a escola faz em casos de bullying?

Quando ocorre um caso de bullying na escola, a situação é encaminhada para uma equipe interdisciplinar. Primeiro, a vítima é acolhida individualmente. Depois, a criança que praticou a agressão é chamada, recebe orientações sobre a gravidade do ato e é informada de que o bullying é considerado um crime. 

A escola trabalha a consciência da criança, explicando que suas atitudes causam sofrimento ao outro e são inaceitáveis. Em seguida, a família do agressor é convocada e orientada sobre o ocorrido. Nos casos mais graves, o caso é encaminhado ao Conselho Tutelar. 

Praticar bullying é ser contra a lei

No Brasil, existe a Lei do Bullying nº 13.185/2015, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática. A lei estabelece diretrizes para a prevenção, diagnóstico e enfrentamento ao bullying em ambientes escolares, esportivos e virtuais. 

Se você perceber que um colega está triste, calado, evitando a escola ou sempre sozinho, ele pode estar sofrendo bullying. E se isso acontecer com você, não tenha medo de pedir ajuda. Você não está sozinho. Fale com alguém em quem confia, como um professor, a coordenadora ou seus pais. 

Lembre-se: o bullying nunca é culpa da vítima. Todo mundo deve ser tratado com respeito.


Produção e reportagem: Lozane Dias

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