Aprendizado sustentável: Escola Félix Araújo transforma retalhos em arte

Você já pensou em como pequenas atitudes podem ajudar o meio ambiente? E se essas atitudes ajudarem a preservar não só o nosso planeta, mas também a nossa cultura?

Foto: Taynara Costa

Cada vez mais, práticas educativas voltadas para o cuidado com a natureza têm ganhado espaço no ambiente escolar. Elas são fundamentais para despertar a conscientização e a sensibilização das crianças em relação aos desafios ambientais que enfrentamos atualmente e que, certamente, irão impactar as próximas gerações.

Através da formação de valores e atitudes voltadas à preservação do nosso planeta, a educação ambiental promove reflexões sobre consumo, recursos naturais, crise ambiental, efeito estufa, lixo, coleta seletiva, reciclagem, entre outros temas. Assim, contribui para uma sociedade mais responsável e comprometida com a preservação do meio ambiente.

Retalhos, Memórias e Sustentabilidade: um projeto que une tradição, arte e consciência ambiental

Foto: Taynara Costa

Mas, e se, além de promover essa conscientização, essas práticas também apresentassem a cultura, a representatividade e a arte? É justamente isso que a professora Cláudia Carneiro vem desenvolvendo com os alunos do 1º ao 5º ano da Escola Municipal Félix Araújo, em Campina Grande.

Com o objetivo de resgatar tradições culturais que, com o passar do tempo, vêm se perdendo e, ao mesmo tempo, conscientizar sobre a reutilização de tecidos  que podem levar muitos anos para se decompor na natureza  nasceu o projeto “Retalhos, Memórias e Sustentabilidade”. 

Claudia Carneiro, idealizadora do projeto, relata que sentiu a necessidade de trabalhar com a identidade do povo nordestino: “Confesso que demorei um pouco para juntar tudo o que eu queria e formar esse tema, mas, quando pensei na questão da sustentabilidade voltada para os retalhos, eu disse: ‘É isso que eu vou trabalhar com as crianças’.”

No projeto, cada criança participa de atividades utilizando retalhos de tecidos, como a chita, recriando elementos que compõem a identidade cultural do povo nordestino. 

Além da experiência sensorial proporcionada pelo manuseio dos tecidos e pela criatividade, os alunos também se envolvem em atividades imersivas, que aproximam ainda mais os conteúdos aprendidos na sala de aula.

Foto: Cláudia Carneiro

Um exemplo marcante foi a visita à Vila do Artesão, ponto turístico de Campina Grande, onde as crianças puderam interagir com artesãos locais e conhecer de perto como os elementos trabalhados em sala de aula se transformam em cultura, arte e fonte de renda para a comunidade. 

Kauan, um dos alunos que participou da visita, contou que antes não conhecia aquele espaço e que pôde aprender muitas coisas que até então eram desconhecidas para ele: “Aprendi muitas coisas. Eu não sabia que a Vila do Artesão existia, não sabia praticamente nada, e foi muito legal.”

Já Anna Cecilia, aluna do 4º ano que participa do projeto, compartilhou seu entusiasmo: “Tá sendo muito mágico, porque também fala da gente.” 

Ela também revelou que suas atividades favoritas são as pinturas inspiradas em obras que falam sobre a cultura regional, como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e as colagens com fuxicos  elementos tradicionais do artesanato nordestino.

Impactos que vão além da escola

Mais do que aprender sobre a preservação do meio ambiente, as crianças fortalecem a relação com sua cultura e levam esse conhecimento para além dos muros da escola. 

A professora Cláudia conta: “Não só eles ficaram muito engajados, como também passaram a identificar em suas casas elementos relacionados ao artesanato, coisas que suas avós produziram e que, antes, eles nem percebiam a importância.”

Foto: Cláudia Carneiro

Esse é um belo exemplo de como a escola pode ser um espaço transformador, onde educação ambiental, cultura e memória caminham juntas, formando cidadãos mais conscientes, sensíveis e conectados com suas raízes.


Texto e edição de vídeo: Taynara Costa

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